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Capítulo 6 — Que comece a batalha

Merlin

— Nós queremos chuva, Merlin. Ou vai me dizer que os boatos são verdadeiros?

O Rei Pedragon estava me mantendo preso, até que eu conseguisse fazer chover, mas os deuses não estavam ao meu lado e eu só tinha uma saída; os amigos das sombras.

— Não tenho culpa se o tempo não está não favorecendo, estou fazendo o melhor possível, mas o tempo está nos desfavorecendo.

Talvez seja verdade os boatos, talvez eu não esteja podendo conjurar magia no momento, não sei o que houve com elas ou o porquê de terem sumido de repente. Na verdade, já fazem dois séculos e Abnerzy pode estar certa, preciso sair daqui urgente.

— Preciso de mais dois dias. Dois dias e eu faço chover, ou melhor, os deuses farão chover. — Disse indo até o meu quarto que ficava no alto da torre.

Andava pelo quarto procurando uma solução, até que Abnerzy surgiu sorrindo e ultrapassando a janela, levitando enquanto olhava para um penhasco.

— Merlin, até quando vai esconder sua verdade? Vai passar a sua vida inteira fugindo?

— A vida inteira não, até que eu encontre a minha filha. Eu sei que você pode me ajudar nisso. Eu sei que você sabe onde ela está.

— O caminho é longo e perigoso demais. Além disso, não vai querer ser morto pelo monstro de Lancelot.

— Então ela está com ele? Interessante! Será uma longa caminhada para uma longa conversa.

Estava quase saindo pela janela, mas voltei para pegar uma garrafa de vinho e vi que Pedragon estava tentando arrebentar a porta, juntamente com seus guardas.

— Vamos, preciso que me dê uma forcinha. — Me joguei nos braços de Abnerzy que só me segurou dois segundos depois. — Valeu, depois te pago por essa.

Luna

Todos já haviam jantado e Lancelot foi aos seus aposentos em silêncio, sem nem mesmo falar comigo, então deduzi que ele não me quer mais lá dentro.

Fui para o lado da fogueira e sentei, passando as mãos em meus braços.

— Pensamentos negativos atraem energias negativas. — Meei sentava ao meu lado, com duas maçãs, me oferecendo uma e sorriu.

— Obrigada. — Disse olhando para o fogo que estava fazendo muitas brasas e elas tinham rostos, era como se algum espírito estivesse querendo me dizer alguma coisa, mas parece que tinha algo nos atrapalhando. — Meei, você pensou em ir embora daqui depois que se recuperou?

— Eu não tive muitas opções, Luna. Mas, eu escolhi ficar, me apaixonei por Jason e eu sempre soube qual seria o meu destino. Eu não tinha para onde ir, mas esse foi o problema, eu apenas me apaixonei.

— E mesmo depois do vínculo ainda continuou tudo bem entre vocês?

— Luna, eu acho que você sabe de muitas coisas, mas precisa melhorar quando se trata dos seus sentimentos. Você ainda pensa em ir embora, mesmo se permitindo está se apaixonando por ele?

Eu poderia mentir para qualquer pessoa, mas não para mim. Eu estava de verdade apaixonada por esse homem, mas ninguém poderia saber, isso seria terrível para mim mesma, podendo interferir em meus planos pessoais.

— Eu não estou me permitindo a absolutamente nada. Ele disse que hoje sairia para caçar, mas até agora não o fez.

— Lobos são rancorosos e nesse momento ele pode estar esperando apenas você entrar lá dentro falar algo. É muito provável que ele não não venha lhe chamar, deixaria você passar a noite aqui e entenderia isso como rejeição. Um Alpha rejeitado é um perigo.

"Quem cala consente". Eu calei e consenti, mas estava com medo de tudo que poderia vir acontecer. Seu gosto estava em minha boca, eu estava confusa e meu coração estava me dizendo uma coisa e minha mente outra. Após 20 minutos conversando com a Meei, eu tomei uma decisão e essa decisão foi ir até aos aposentos de Lancelot e me enganei ao pensar que ele poderia estar dormindo.

— Me desculpa pelas coisas que eu falei. Eu não queria te deixar chateado, acabei falando coisas sem pensar. — Pedi ao ver que ele estava realmente chateado.

— Se quer ir embora, tem que descansar. Durma aqui hoje, mulheres e crianças são nossa prioridade.

— Eu agradeço, mas não precisa se preocupar comigo, eu ficarei bem. Eu… não queria deixá-lo chateado ou algo do tipo, mas…

— Eu não estou chateado. Não pense que eu sou um homem frágil, apenas respeitei sua decisão e não quero ficar pressionando a senhorita a algo que não esteja sob sua vontade. — E finalmente ele virou para frente e pôs sobre mim seu olhar dourado.

Lancelot estava quase despido e eu só percebi após ele levantar, estava usando apenas uma vestimenta que cobria sua partes íntimas e mais nada.

— Hã… eu acho melhor ir deitar logo, antes que eu faça mais alguma besteira. — Mas, antes que eu pudesse deitar, sua mão segurou a minha e me puxou para perto do seu corpo.

— Está decidida sobre o que quer realmente? Luna, seu cheiro está me enlouquecendo e eu não quero te ver em perigo, por favor, fique o tempo que precisar. — O que ele queria dizer que meu cheio estava o deixando louco?

Meu corpo estava querendo ser livre novamente e se em algum momento eu deslizar, posso acabar fazendo alguma besteiras enquanto estiver sob a adrenalina que meu corpo libera quando a magia é intensa, e pelo que eu me conheço, isso iria acabar acontecendo uma hora ou outra e sem dúvidas alguma eu não quero ser morta pelas garras de Lancelot nem mesmo em sonhos.

— Se eu lhe deixo louco acho melhor mantermos distância, não é mesmo? — Minha voz saia quase em um sussurro, enquanto meu corpo estava fraquejando por estar tão próximo a ele.

— Será que eu sou merecedor de um último beijo seu? — Seus lábios estavam tão próximos aos meus que eu não hesitei em levantar os pés, me apoiar em seus ombros e o beijar.

O fiasco de magia que estava saindo dos meus dedos, era sinal que eu estava querendo ir além dos beijos, mas eu jamais beijei alguém e nem mesmo sei o que aconteceria depois, mas eu queria ir fundo e investir neste momento tão bom.

A cada beijo que ele me dava, eu sentia as energias em meu corpo aumentarem, dando-me a sensação de que eu iria explodir a qualquer momento. Sua íris estava vermelha e o glóbulo que era branco, estava dourado. Seus músculos estavam ficando maiores, suas veias crescendo e ele estava praticamente dobrando de tamanho em questão de segundos. Meu corpo sentiu um vazio repentino quando ele me soltou, e um beijo de segundos parecia que havia durado horas. Minhas bochechas estavam rosadas e meu corpo quente demais, mais que o normal para um ser humano comum.

— Me beije, por favor. Só me beija! — Pedi pulando em seu colo, o que fez com que caíssemos no chão.

Lancelot

Ela tinha um cheiro bom, um cheiro que despertava não somente o desejo da fera que habitavam dentro de mim, como também o desejo que em forma humana estava sentindo. Desde o dia em que a encontrei, senti que tínhamos alguma coisa em comum e eu não sei o que de certo é ainda, mas eu irei descobrir.

Luna estava em cima de mim, ela estava permitindo que meus olhos vissem seus seios fartos, mas não tão fartos assim.

— Não quero a machucar, Luna. — Disse colocando uma mecha de cabelo atrás de sua orelha e então percebi que eles haviam mudado de cor. — Seu cabelo estava escuro hoje mais cedo, agora ele está dourado. — Disse levantando e tendo sobre mim seu olhar assustado.

— Passei uma mistura de algumas ervas para que clareasse, nada demais.

Eu já não sei no que devo acreditar. Desde que minha mãe partiu que eu estou sem ação, sua partida ainda é tão recente que eu não consigo distinguir o que pode ser ilusão ou o que pode ser realidade. Luna poderia muito bem ser alguma alucinação que eu estava tendo e que somente eu estivesse vendo, mas se isso for real, qual seu propósito em ficar e o porquê ela se permitiu se entregar a mim tão rápido? Eu não consigo entender a mente humana, é tão medíocre.

— Como eu posso ter certeza que esse momento é real. Tudo poderia ser uma ilusão que eu…

— Lancelot, eu sou real. Estou aqui, ao seu lado e com você. — Raios estavam caindo lá fora e de repente começou uma tempestade, com trovões granizos e um vento forte.

Eu me sentia vazio, como se uma parte de mim estivesse despedaçada e caindo um pouco a cada passo que eu dava, mas tudo isso era ilusão da minha mente e Merlin poderia estar por trás disso, querendo me enlouquecer aos poucos para acabar comigo assim como fez com a minha mãe.

Sair deixando Luna sozinha dentro da cabana, correndo para o mais longe possível que meu corpo suportou. Eu precisava gritar aos quatro mundos o quanto tudo estava claro para mim agora, o quanto sozinho e que tinha que ser o mais forte possível. Mas, Luna estava me seguindo tão rápido quanto a lua.

— É melhor que fique bem longe de mim, não quero machucar você. — Eu gritava na tentativa de fazer ela se manter longe, mas parecia que minhas palavras não serviam para ela.

— Você tem que aceitar a realidade, Lancelot. Se me permitir eu ficarei para ajudá-lo, mas precisa ficar calmo, não vai adiantar de nada se continuar a pensar desta forma. — A imagem de minha mãe estava ao meu lado, me acompanhando enquanto eu corria sem direção e de repente vi Luna sumir com o vento.

A floresta estava densa, com a tempestade que estava caindo, havia algumas árvores no chão, mas nada que me impediu que eu fosse mais adiante e por fim, parasse no mesmo penhasco em que achei Luna. Havia um veado bem a minha frente e eu tive a oportunidade de capturá-lo, se o mesmo não tivesse sido alvejado por uma flecha envenenada que foi lançada pelo próprio Malvim, ele e suas teorias estavam e busca de alguma coisa que estava fora do meu conhecimento, mas ao seu lado havia as tropas de Crowler e com eles carregavam o medalhão que fazia jus a sua família, uma serpente de 4 cabeças pendurada na ponta de uma lança, enquanto os demais carregavam consigo o brasão em seu peito e a bandeira que representava a família Crowler.

— Ela é apenas uma garota, não deve ter ido muito longe, além disso ela estava fraca e não mantinha ninguém para ajudá-la. — Um dos soldados falava enquanto sorria, se divertindo com a desgraça que estava prestes a acontecer.

— Não se engane, Luna é tão pelliculosa quanto sua mãe já foi algum dia. Não se deixe enganar por aquele rostinho, ela foi ensinada por Danira e não há ninguém que a pare quando ela está disposta a alguma coisa. Para que ela não interfira em nossos planos, temos que achá-la e matá-la o mais rápido possível, antes que ela blasfeme contra quem já foi sua família algum dia.

Eles estavam falando de Luna e meu monstro não aceitou tal coisa. As dores já não eram mais problema para mim. Surgi dentre as árvores, deixando que a lua iluminasse meu ser que já estava úmido e furioso, eu queria sangue e eu tinha um motivo para isso, Luna.

— Um demônio, mate-o. — Malvim gritava ao ver meu verdadeiro eu em sua frente, com as presas para fora e pronto para lhe atacar. — Mate-o todos os demônios que surgir em nosso caminho, temos que lavar a terra para que habite nela apenas os de puro sangue.

A adrenalina estava tomando conta do meu corpo e quando eu percebi, já havia executado alguns homens. Alguns da minha alcateia estavam me ajudando e uivando, chamando os que faltavam, mas para a minha surpresa eles tinham lobos também, era mais uma espécie de Lycans multilados pelas batalhas que já enfrentaram. Então foram eles que mataram a mãe de Luna?! Não tinha tempo para pensar, fui à luta e aos pouco me vi em um lago de sangue, ferido e atordoado com meus pensamentos perambulando por minha mente sem me dar um minuto de paz.

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