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Capítulo 3

Colocando os produtos de limpeza no armário abaixo da pia da cozinha, Melanie arruma o restante dos itens que comprou no mercado nas prateleiras e geladeira.

Ela suspira pensando no policial e no rapaz que esbarrou no mercado mais cedo. “Como pode existir tão belos homens e logo no mesmo dia conhecê-lo?”, seus pensamentos lhe permitiram ver que foi muita sorte estar ali recomeçando e quem sabe ter alguém para compartilhar momentos de felicidade em um relacionamento.

Mas Melanie logo se entristece lembrando do seu segredo que guarda a sete chaves. A vontade de beber a consome nesse momento. Ela resolve ligar para um dos seus padrinhos no AA para não esmorecer e cair na tentação de uma recaída.

- Mel o que houve querida? – Seu padrinho a responde no segundo toque com uma voz sonolenta.

- Ah Carl desculpe, mas precisava falar com alguém antes que... – Sua voz embarga.

Ela não consegue completar a frase, mas Carl a entende. Está ali para ela e sabe bem a força de um vício em querer fazer com que o viciado se recaia em sua própria armadilha. Carl suspira e fala com uma voz doce e tenra.

- Não se preocupe Mel, sabe como é, um velho que chega na idade de dormir a toa. Mas não se preocupe, sabe que estou aqui para ajuda-la sempre. Me conte o que foi? – Carl preocupado a indaga.

Com os olhos inundados em lágrimas, ela suspira pesadamente e fala com tristeza e amargor.

- São coisas das quais no meu passado que me fizeram afundar em um abismo e o álcool sempre foi o refúgio que encontrei para suprir essa dor. Por um momento eu achava que poderia ser feliz, mas vejo que é impossível. Tive vontade Carl, muita vontade. Mas felizmente eu consegui dessa vez não recair

- Calma Mel, você pode ter tido essa vontade, mas preferiu não cair na tentação de fraquejar e deixar o vício ganhar essa batalha. Você me ligou e isso é o mais importante. E eu estou aqui para te ajudar. Mas saiba que você ainda será muito feliz Mel.

Ela nega com a mão apertando sua boca para reter o nervoso e vontade de cair em tentação e beber. Carl continua.

- Mel, sei que você está com muita vontade de beber, mas precisa ser forte e lembrar sempre que você controla sua vida e não o vicio a controla. Não pode deixar se abater e nem recair sobre isso. Você acha que não pode ser feliz, mas o dia que resolver se libertar disso que você guarda em seu coração, com certeza você será livre. O mais importante agora é você procurar um psicólogo aonde você está recomeçando. Precisa desabafar com alguém Mel além do seu padrinho que você ainda não confia em contar o que lhe aflige já que a chave do seu problema, é esse.

Ela suspira e assente.

- Tudo bem Carl, você está certo. Eu preciso falar com alguém. Preciso falar com alguém e vou falar com um psicólogo aqui na cidade não se preocupe. Como sempre falamos, “um dia de cada vez”.

- Isso mesmo garota. Um dia de cada vez. Bom, sempre que quiser me ligar fica a vontade. Mas antes, vou te recomendar que ligue para uma pessoa próxima de onde está que será seu padrinho também. Apesar de jovem, ele te ajudará muito estando ao seu lado. Ele é um policial na cidade. Vou te passar por mensagem o numero dele, ele se chama Stuart Holling.

Ela empalidece e aperta o celular em sua mão trêmula. Sua respiração fica ofegante ao lembrar do sobrenome do policial que a parou na estrada. “Meu Deus, não pode ser!”, Melanie pensa consigo mesma que será que eles são parentes? Seria muita coincidência.

- Mel, você ainda está aí? Mel. – Carl percebendo o silêncio e ouvindo uma respiração estranha do outro lado da linha se preocupa.

Retornando aos seus sentidos por ouvir a voz de Carl em seu ouvido a chamando preocupado, ela o responde.

- Não se preocupe Carl, estou bem eu ouvi sim. Mas repita para mim por favor o sobrenome desse Stuart.

- É Holling porque, você o conhece? – Carl a indaga.

Ela nega.

- Não. Só achei muita coincidência conhecer um patrulheiro hoje com o mesmo sobrenome que o dela na estrada.

- Ah, deve ser o irmão dele Paul. Excelente rapaz. – Ele fala descontraidamente e Melanie cora e sorri.

- Bem, vou lhe mandar o numero dele e é melhor estar com alguém por aí perto para um socorro imediato e pessoalmente.

Ela assente.

- Concordo Carl. Mas vou continuar ligando para você sempre também hein!

Ele gargalha.

- Com certeza minha menina, sabe que a tenho como filha e pode me ligar sempre. Agora, me diga, você está bem?

- Sim. Depois de conversarmos estou melhor, obrigada. – Melanie sorri mais calma.

Carl suspira tranquilo.

- Isso é muito bom minha filha. Mas não esqueça Mel, tudo isso, não é da noite para o dia que vai conseguir superar esse obstáculo na sua vida. Sempre entre no mundo do espírito e com isso, cultive sempre a compreensão e eficiência. Querer fraquejar, não é motivo de achar que está derrotada. É apenas uma forma de dar a volta por cima e superar o que quer que seja a estar tentando fazer se recair. Para isso, procure o psicólogo o quanto antes e lembre-se...

Os dois em uníssono repetem.

- Um dia de cada vez.

- Muito obrigada Carl. Eu preciso ir. Vou a uma lanchonete aqui perto e conhecer o lugar.

- Tudo bem jovem menina. Mas qualquer coisa, é só me ligar e não deixe de falar com o Stuart, ele já sabe sobre você, é meu dever procurar alguém perto para te auxiliar.

- Está bem. Até meu padrinho.

- Até minha afilhada.

Ao encerrar a ligação, Melanie se sente mais relaxada e otimista em enfrentar o que vem pela frente. Vai até o banheiro do seu quarto e toma um belo banho, se arruma colocando um short jeans rasgado na coxa e uma camiseta regata branca justa em seu corpo, rabo de cavalo, maquiagem leve e um tênis branco confortável.

Pega as chaves do seu carro no suplair que há na cômoda do seu quarto e sua bolsa de couro estilo carteiro.

Antes de sair, ela suspira coloca um belo sorriso em seus lábios e sai rumo a lanchonete mais famosa “Hold’s Burguer” no centro da cidade de Cascade Locks. O lugar estava animado. Com vários carros no estacionamento e parecendo haver uma batalha de sons e danças entre os jovens da cidade.

Algumas garçonetes servindo-os do lado de fora da grande lanchonete e ao invés de Melanie sentar-se em uma das mesas que cercam a frente do estabelecimento, ela resolve adentrar para ficar mais confortável longe dos gritos e barulho alto dos sons.

O sino sobre a porta anuncia sua entrada e Taylor Smith que está no balcão a vê e sorri caminhando na direção com um bule de café e uma xícara em que ela se acomoda na mesa no canto, perto do acesso que dá ao banheiro.

Assim que se senta, ela pega o cardápio e olha as delícias que ali servem. Taylor coloca a xícara sobre a mesa e despeja o café sobre a mesma. As duas se entreolham e Taylor a indaga.

- Está de passagem ou é nova na cidade?

- Nova na cidade. É tão evidente assim?

Ela sorri e assente.

- Sim, cidade pequena sempre tem dessas. Qualquer novato ou forasteiro que venha de passagem, já sabemos, - Ela dá de ombros.

- Entendo. – Olhando para o crachá no uniforme, ela a agradece. – Obrigada Smith?

Ela sorri.

- Obrigada pelo quê gata? Sim, meu nome é Taylor, Smith é meu sobrenome. O seu nome é?

- Melanie Brooks.

- E aí já sabe o que pedir?

- Quero o completo da casa e um suco de laranja.

- Ok, mas e você faz o que?

Antes que ela responda, o dono da lanchonete grita Taylor do balcão a fazendo revirar os olhos e bufar descontente.

- Taylor, como é, os pedidos precisam ser despachados e você aí de conversa fiado garota. Anda logo, eu não pago você para conversar e sim fazer o seu trabalho.

- EU JÁ TÔ INDO.

Melanie ri da situação. Acha engraçado o torcer de boca que Taylor dá e assopra para sua franja bufando de raiva. Ela sorri para ela e sai a deixando esperando por seu pedido.

Taylor serve as outras mesas e assim que seu pedido está pronto, ela leva até a mesa de Melanie que olha pela grande janela em direção aos adolescentes que se divertiam como se não houvesse o amanhã. Estava tão distraída, que tomou um susto quando sentiu uma mão sobre seu ombro. Ela ficou logo pálida e deu um pulo do assento em que ela estava. Taylor a olha com vergonha pelo susto causado e se desculpa.

- Desculpa, mas não queria te assustar, estava te chamando e você não ouviu. Estava tão hipnotizada com eles lá fora que nem me ouviu.

- Tudo bem, já passou. Obrigada. – Ela sorri amarelo.

Taylor aproveita que todas as mesas foram servidas e senta-se frente a Melanie que a olha em interrogativa por sua ousadia em se sentar sem ser convidada.

- E então, você nem disse o que faz?

Dando um gole no copo de suco, ela sorri e com uma batata frita sendo direcionada a sua boca, ela fala antes de comê-la.

- Eu sou fisioterapeuta e massagista.

- Para TUDO! Você então é a que vai trabalhar naquele prédio que reconstruiu e que agora vai ter vários tipos de médicos gatos? Fora que gata, você linda desse jeito, vai com certeza ter uma longa fila para suas mãos que devem ser mágicas. Kkkkkk – Ela gargalha maliciosamente.

Melanie acenando com a cabeça, sorri junto com ela vendo que o quanto ela é engraçada, é bem maluquinha.

- Você é sempre assim? – Ela a indaga e Taylor a olha surpresa.

- Assim como?

- Digamos que exótica kkkkk. – Ela ri e dá de ombros.

- Ah menina sou sim. Mas já fui pior se não tivesse perdido uma grande amiga a pouco tempo.

- Eu sinto muito. Mas o que aconteceu?

- Ela foi assassinada.

- Nossa, nem sei o que dizer, mas como foi isso? Me desculpe ser tão intransigente, se não quiser falar tudo bem.

- Não se preocupe, mas prefiro por enquanto não comentar sobre isso, está muito recente ainda.

- Tudo bem entendo. Então vamos mudar de assunto? – Ela sorri animando a nova amiga que estava com um semblante triste ao se lembrar da sua amiga.

- E então, você está morando aonde?

- Perto da clínica. Minha amiga me cedeu uma casa ali perto. Ela é dona do prédio e me convidou para vir para cá e aqui estou.

- Ah, então você é amiga da Amanda Prescort?

Seu semblante se torna frio ao falar da sua amiga. Ela não entende bem o que aquilo significava, mas não iria ainda entrar em detalhe sobre isso, mas assente ao falar da amiga.

- Sim, somos amigas desde a faculdade e seu nome na verdade é Amanda Jane Prescort.

- Entendo. E você conhece o marido dela Daniel?

- Não, ainda não o conheci. O que foi Taylor, que cara é essa ao falar do marido dela?

- Nada não. Só toma cuidado com ele está bem. Minha amiga que morreu não me ouviu quando disse sobre ele e agora não está mais aqui.

Com os olhos arregalados e curiosa indaga Taylor.

- Como assim Taylor. Você pode me explicar o que houve?

Taylor percebendo que falou demais, resolve desconversar e se levanta para voltar ao trabalho.

- É melhor deixar para lá Melanie. Daqui a pouco eu termino meu turno, eu moro na cidade vizinha. Se você quiser, podemos ir até lá numa boate que inaugurou hoje o que acha?

Suas mãos começam a suar, ela fica logo nervosa. A palavra boate já a faz lembrar do passado que ela quer esquecer. Principalmente porque lá terão bebidas das quais ela quer manter distância. Taylor nem se deu conta do nervosismo da sua nova amiga em sua frente. Suspirando profundamente, ela fecha os olhos e lembra das palavras do seu padrinho “para seguir seu caminho, muitas vezes você será testada e precisa de força para seguir adiante e superar, você pode ir a todos os lugares que frequentava, mas é preciso muita determinação para não se deixar cair em tentação e recair”. Taylor a olha como se estivesse vendo um ET na sua frente, ela cruza os braços esperando a resposta. Não demora muito, Melanie abre seus olhos e com um sorriso, olha para sua amiga e diz.

- Claro, porque não. Só não bebo bebida alcóolica. Tudo bem?

- Está bem. Até porque você está dirigindo não é?

Ela sorri e assente pelo que sua amiga acabava de falar. não queria dizer a ela que é uma alcóolatra em recuperação. Custou tanto depois de muito tempo, encontrar amizade sincera sem interesse em somente pela bebida ou amigos bonitos e dinheiro para proximidade.

- É isso mesmo. E mesmo assim, não bebo.

Ela dá de ombros e sorri saindo rebolando pelo que Melanie acabava de falar.

Ela termina seu lanche e espera na saída próximo ao seu carro por Taylor que não demora e logo sai com seus longos cabelos soltos, um vestido de costa nua curo e justo em seu corpo realçando suas curvas e sapatos de salto agulha da mesma cor do vestido vermelho. Melanie sorri e incrédula se olha e vê que precisa trocar de roupa também.

- Uau, está linda Taylor.

- Obrigada gata, mas você não vai assim não né? – Com seu dedo indicador, ela aponta na direção de Melanie mirando-a por todo seu corpo e ela sorri negando.

- Claro que não mulher. Estarei a sua altura para te acompanhar na boate. Relaxa.

Elas gargalham e entram no carro. Ao saírem da lanchonete, elas seguem rumo a casa de Melanie. Durante todo o caminho, elas conversam sobre várias coisas e sonhos que Taylor pretende ainda realizar. Não demora muito, chegam em casa. Taylor elogia a bela casa e espera por Melanie na sala com um refrigerante em mãos.

Melanie veste um vestido preto justo na altura das coxas delineando todo seu corpo de mangas de renda com um decote em V deixando seus seios mais sexys. Uma maquiagem que marca bem os olhos e boca, um coque preso em uma presilha de pérolas, sandália dourada de salto agulha amarrada na panturrilha.

Ao descer as escadas, Taylor fica boquiaberta em ver que sua nova amiga é muito bonita e estava extremamente sexy.

- Menina do céu, os homens cairão matando hoje em você. Espero que deixe alguns para mim.

Elas sorriem e Melanie dispara.

- Quê isso. Você também está um arraso, e então, vamos?

- Com certeza.

Elas riem e vão para a tal boate na cidade vizinha em que Taylor está morando desde a morte da sua amiga. Ao chegarem no estacionamento, veem uma longa fila de espera na entrada. Taylor avista que um dos seguranças é um ex peguete dela Cloud. Apesar de não terem mais nada um com o outro, Cloud sempre teve vontade de ficar com ela novamente, mas devido ao seu ciúme, Taylor terminou com ele, mas ainda nutria sentimentos pelo mesmo também.

Taylor se aproxima dele com sua mais nova amiga apresentam um para o outro e ele as deixa entrar como VIPS. Melanie percebe a tensão entre eles quando elas entram, ela pergunta sua amiga o que rola entre eles.

- Taylor, o que rola entre você e o Cloud?

- O que! Nada menina. Por que?

- Percebi que há algo entre vocês. Só isso.

- Depois te conto. Vem vamos nos divertir.

- Vamos sim.

Taylor abraça o ombro de Melanie e as duas seguem até a pista de dança e começam a dançar sensualmente antes de subirem até a área Vip para beberem.

No embalo em que elas estão dançando, Cloud se aproxima das meninas e sussurrou no ouvido de Taylor a deixando corada e arrepiada com sua voz grossa e rouca, logo ele saiu deixando -as ali dançando, enquanto ele voltava ao trabalho.

Elas se cansam e resolvem subir para a área vip e sentam-se em uma mesa perto do corrimão em que dava para ver tudo ao redor e a pista de dança. Pediram coquetéis de frutas e Melanie optou pelo sem álcool e Taylor por um com Gim.

Estavam rindo e conversando nem se dando conta de que arrancavam olhares de todos por perto delas. Mulheres com um certo ciúme e despeito e de homens que as cobiçavam.

Dando um último gole da sua bebida, ela sussurra no ouvido da amiga que vai ao banheiro. Taylor concorda e resolve espera-la ali mesmo enquanto observa os lindos homens que estão em outra mesa a olhando.

No corredor que dá acesso aos banheiros, ela esbarra em uma parede de músculos em sua frente ao se libertar da multidão que a cercava. Ao olhar em direção a quem ela bateu seu corpo de encontro ao dele, não acredita em quem ela vê.

- Você?!

Um sorriso largo ele dá para ela. Não acredita que a encontraria naquela boate depois de se verem mais cedo.

- Oi Melanie.

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